A Regra Pernambucana tanto é um verdadeiro celeiro de bons botonistas como também é um Baú de histórias e casos curiosos.
Neste final de ano pude relembrar de fatos que aos dias de hoje poderão ser tratados como folclóricos,.
Recebi uma mensagem de Natal de um velho e querido amigo botonistas que anda afastado das competições em Recife por estar morando no interior do Estado, Paulo Felindo é o nome deste amigo que além de ser excelente jogador de Botão, é advogado e grande colecionador.
A sua mensagem que segue me fez lembrar o final da década de 60, naquele tempo não existia esta infinidade de opções que temos hoje para confeccionarmos nossos botões, quem é da época lembra que em Recife se costumava fazer botões de Chifre de boi, de baquelite, (que derretÃamos colocando em forma para depois fazermos os botões na mão), de vidro de avião (chamado de Mica) de quenga de coco etc.
Entretanto existia uma turma que conseguiu um material importado da Itália que servia de base ou encosto de estátuas de Santos que vinham para as igrejas cotólicas, esse material que era muito raro e apenas os jogadores que jogavam nas Ligas da Boa Vista e Liga de São Jose, que são dois bairros do centro do Recife, tinham botões dessa matéria.
Meu pai, o Sr. armando, era quem fabricava os botões desta turma e foi por isso que comecei a jogar a Regra Pernambucana e adquiri alguns destes raros botões, acredito que exista em Pernambuco menos de 100 peças.
Os grandes jogadores da época, Mário Sandes, Gilvan Carvalho, Aldiro Santos, Fernando Torterolli (já falecidos), Severino Vieira (Seu Biu), Cloves, Humberto Simas, Cláudio Sandes, Chico Barbosa, Dr. Renê e o até hoje atuante Abiud Gomes e eu também tinhamos botões deste material importado.
Paulo Felinto, que como falei é um colecionador, assim que chegou na Liga da Boa Vista onde jogávam todos os citados acima, se apresentou para jogar com botões de chifre de boi, muito bem feitos pelo Sr, Nozinho que era um fabricante, já falecido, que residia na cidade de Paulista.
Quem jogou botão da época lembra que todos falavam do “TORNO PAULISTA” quando se referia aos botões do seu Nozinho.
Só que Paulo começou a mudar seus botões adquirindo com trocas e compras os famosos e raros botões de “MATÉRIA” como eram chamados os da matéria Italiana.
Apenas como adendo e obeservação, na Regra Pernambucana se valoriza muito os botões individualmente, eles são registrados e tem nomes personalizados sendo muito comum a troca e venda individual de botões, ou seja por exemplo, meu centro avante “Fischer” poderá ser comprado por Abiud que terá que manter o nome já registrado na APFM (Associação Pernambucana de Futebol de Mesa) e jogar no time dele como zagueiro.
Os botões são diferentes (vejam foto a seguir do meu time todo de matéria importada e que tem mais de 30 anos)
TIME DO MATÉRIA IMPORTADA
Paulo Felinto começou sua incansável luta para fazer seu time desta matéria e conseguiu seu intento, sendo hoje talvez entre os que ainda jogam essa Regra Pernambucana o que mais tenha esses tipos de botão.
Acontece que no time acima existem alguns botões lendários que meu amigo ainda insiste e teima em adquirir e para isso me mandou a seguinte mensagem de Natal, vejam abaixo:
Mensagem Natal Paulo Felinto Dez. 2010
Decifrando apenas a proposta de compra dos Botões do Time de Armandinho;
“Quanto custa o passe de:
1º)Morcêgo
2º) Givanildo
3º) Carlos Alberto (Zé Roberto)
4º) Belga
5º) Doval
E demais botões “descartáveis” do seu time?
Obs: Não ria não que é sério!!!
Aquele abraço
Paulo Felinto”
É claro que Paulo, como grande amigo que é, me mandou uma linda mensagem de Natal o que faz todos os anos, apenas aproveitou e voltou a fazer mais uma tentativa de adquirir meus estimados botões.
Saliento que a maioria dos botões que hoje fazem parte do elenco e coleção dele me pertenceram, sendo que o fato mais curioso aconteceu em 1971.
Num domingo, após termos passado a manhã jogando na Liga da Boa Vista, me deu uma carona e passou todo o percurso fazendo a proposta para adquirir o meu lateral esquerdo “Valtencir” e terminou conseguindo em uma troca inusitada, pegou meu botão numa troca por um relógio “Mirvaine” carÃssimo na epoca, que depois meu pai foi falar com ele para saber se era verdade, pois dificilmente eu poderia ter um relógio daquele na época, só que o relógio eu nem sei que fim levou e o botão ainda faz parte do esquadrão dele, o que dá para induzir que eu até hoje me arrependo.
Essa é apenas uma das muitas histórias do nosso Jogo de Botão em Recife.
Então para não me fazer de rogado, respondi a ele a carta também escrita a mão, porém que segue digitada;
Recife, 27 de Dezembro de 2010.
Amigo Paulo
Realmente fiquei emocionado com a sua carta, lembrei-me de como era bom a gente receber uma carta pelo correio, hoje com o meio de comunicação virtual não dá para notar a vibração e até o nervosismo nas palavras escritas à punho.
Resolvi responder do mesmo modo, mesmo fazendo questão de divulgar no meu SITE visto que coisas deste tipo tem que ser propagada.
Não estou mais jogando (por enquanto) a nossa querida Regra da bola de borracha, tão aproveitada  que aprendemos e nunca esquecemos dos termos “engarriu, ramprou etc.â€.
Não estar jogando não quer dizer que farei como “Seu Biu†que endoidou e vendeu seus craques e soube que adquiriu alguns, então estão em boas mãos, ainda conseguir ficar com Pé de Valsa e Sarará.
Ainda farei a “ARENA ARMANDINHO†onde poderemos jogar nossas partidinhas e poder novamente você cruzar os dedos com “dedadaâ€, por baixo da mesa quando eu for chutar com Morcego e lamentar levar gol dos meus antigos craques como o matador Lampião, ou mesmo Cruz Diablo, e até Elcir (Valtencir), trocado, depois de muita conversa dentro do fusquinha, por um relógio Mirvaine que não sei nem por onde anda, era melhor ter ficado como o botão.
Apenas para matar saudade segue a foto do esquadrão, esperando um dia sentarmos para ouvir de você a famosa frase:
VENDE-SE, TROCA-SE, NEGOCIA-SE.
TIME DE ARMANDINHO
Abraços e um Feliz 2011 com muita saúde.
Armandinho